Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Essa Foda é Foto!

"Italy 2 (Henri Cartier Bresson)"
Por que estes dois posts com fotos do Cartier Bresson? Porque descobri que começa nessa quinta feira uma exposição com diversas fotos dele na SESC Pinheiros! E além do mais ele é meu fotógrafo favorito - não que eu conheça vários, mas as fotos dele são repletas de magia, de uma aura vívida que é pura poesia. Então fica dado o recado quem quiser e puder pode conferir mais fotos do trabalho dele na exposição “Henri Cartier-Bresson – Fotógrafo”, De 17 de setembro a 20 de dezembro de 2009, no Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195), de terça a sexta, das 10h30 às 21h30; e de sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 18h30. A entrada é franca. Informações: (11) 3095-9400.

Reviver

"Mouffetard (Henri Cartier Bresson)"
Ai! ai! Ainda não estou como o menino dessa foto, com essa alegria, esse orgulho de viver - de estar sendo - mas já sai da penumbra que me ocultou a vida nas últimas semanas. E só de olhar pra essa foto já me dá mais vontade para encarrar as coisas cotidianas.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Grafite


Segundo divulgado pela Folha de SP, no domingo de manhã (13/09) cerca de 150 pessoas realizaram um ato artístico na 23 de maio. O grupo pintou os muros, ao longo de 1 km, em protesto a política da prefeitura de pintar de cinza grafites e pichações não autorizadas.
Me chamou atenção a forma como foi noticiado este fato. Seguindo com sua linha editorial, já revelada em outros casos semelhantes, o jornal destacou a manchete: "150 PICHADORES ATACAM A AV. 23 DE MAIO EM PROTESTO". A matéria em tom policialesco, ainda trazia a opinião de um especialista que considera errada, mas válida, a ação porque a questão dos grafites precisa ser disciplinada, e a opinião de um outro grafiteiro considerado veterano que criticava a ação pois "há uma grande poluição com trabalhos mal feitos por aí".
Como revelado na foto acima, publicada na edição de hoje do jornal, um dia depois os muros já haviam sido pintados de novo, ou como rubricado na foto pela Folha, já haviam sido limpos.
Não entendo como podem preferir esse cinza a desenhos coloridos, e chega a ser risível considerar muros de concreto sujos e sem vida como limpos. Posso até concordar com a opinião de que há muitos trabalhos mal feitos por aí, nem todo grafite é uma obra prima, mas definitivamente entre muros de concreto e muros desenhados eu fico com a segunda opção.
A meu ver, no que diz respeito as artes plásticas, andar pelas ruas de São Paulo e observar seus grafites - que vá lá, é privilegiada na questão dos grafites - é uma experiência muito mais enriquecedora do que andar pelos vazios das Bienais de arte. O grafite mesmo com seu caráter efêmero, intrínseco a essa arte, é mais do que isso, é a forma com que a periferia (onde se concentra a maioria dos grafiteros) tem de gritar que ela existe, que tem sonhos, desejos, e está viva e atenta ao seu viver nessa cidade opressora. E digo mais, para mim todos os muros da cidade deveriam ser coloridos com desenhos e todos os prédios públicos deveriam contratar renomados grafiteiros para grafiterem seu exterior - fugindo um pouco da questão me vem a mente a figura da belíssima catedral de São Basílio na Rússia (hehehe mais isso é apenas um sonho da wonderland desse artista que vos fala).
Enfim, é triste ver que boa parte da sociedade, com sua visão civilizadora e regulatória, prefira viver nessa cidade cinza e sem vida, a viver em uma cidade colorida e alegre.
"Cores são exceções em desuso, no que veio pra criar e, contudo,
vem enegrecer, mas há beleza ainda eu sei..."
(Letra de Viver(Paz) de minha autoria)

sábado, 12 de setembro de 2009

Samba sobre o infinito

Estou só. A noite cai inquieta, e tudo parece perder ou engrandecer em sentido. Essa música veio bem a calhar... Silêncio por favor...

"Para ver as meninas" (de Paulinho da Viola)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Paranóia

Anúncio da Pakistan Air Lines (1979)
Pois bem chegamos de novo ao fatídico dia 11 de setembro, e o mais engraçado é que eu só me dei conta da carga desse dia lendo os jornais. Para mim, passados já todos esses anos, “11 de setembro” se tornou uma ideia, um conceito, descolado do dia em si. Vejo nele um marco de quando os países ocidentais industrializados passaram a caminhar a passos largos rumo a sociedade de “1984”, de Orwell. E é sobre isso que quero falar nesse post: sobre meu medo do que virá a seguir nesse século que se inicia.
Quando paro e penso sozinho em planos malignos de dominação global – é o que eu faço todas as noites Pink! - tenho sempre a sensação de que os ditadores do passado teriam muita inveja dos aparatos de controle e repressão que possuímos hoje. Ingênuamente no mundo todo está se construindo um aparato digno de um Estado repressor. Todos nossos passos podem ser rastreados. Vejamos minha vida em São Paulo. Meu passe de transporte coletivo, o bilhete único, é cadastrado em meu nome, e portanto passível de ser rastreado, de saber por onde e quando andei. Os carros em pouco tempo, pois já foi aprovada uma lei que impõe isso, passarão a ter chips de identificação sendo monitorados por pontos da cidade. Meu telefone celular, que sempre carrego comigo, pode ser facilmente rastreado pelas torres de sinal de minha operadora. O resultado é o mesmo, o Estado, bastando querer, pode saber quando e onde eu vou no meu dia a dia. Para quase tudo hoje em dia se tem que se fazer um cadastro completo, deixando registrado que você passou por lá, informação essa facilmente rastreável. Há câmeras de segurança por todos os lados, privadas ou da prefeitura, e numa caminhada até a padaria perto de minha casa minha presença ficou registrada em sei lá quantos vídeos , que pelo menos não se armazenam por muito tempo. Por sorte, por aqui , ainda , não chegamos a situação de Nova York e Londres, onde nesse ponto, o grande olhar do “Big Brother” que é multifacetado está amplamente difundido por todos os cantos.
Temos a Internet, lar de expressão livre e do anonimato. Mas somente por que se quer assim, porque na verdade é exatamente o oposto. Navegar sem deixar rastros é tarefa para poucos que conhecem as entranhas da computação e requer muita perícia. Todos temos um endereço fixo virtual. As informações por onde andamos virtualmente ficam armazenadas em nosso provedor de internet. O próprio Google mantém durante anos um gigantesco banco de dados que revelam as preferências, interesses e gostos pessoais. E nesse ponto o caso da China e sua enorme muralha virtual se impõe como exemplo. Ainda nesse ponto virtual o tal “banco de sangue encardenado” citado por Tom Zé em “Parque Industrial” está aí para qualquer um. Todas esses sites de relacionamento pessoal (Orkut, Facebook, Twiter,...) disponibilizam informações pessoais para quem quiser e ver, e o que é mais importante do ponto de vista de um agente da Gestapo, com quem temos contato, quem conhecemos, com quem falamos (vitualmente) mais. Penso o quanto não se alegraria um agente do Doi-codi folheando as páginas do orkut, tudo tão fácil e disponível.
Em todas as áreas cada vez mais e mais, cientistas e pesquisadores se esforçam em criar artifícios para conectar e interligar as pessoas, tecnologias novas que são rapidamente incorporadas a vida cotidiana. O que me leva ao filho direto, digamos um upgrade mais atual de “1984” que é a “Matrix”. O grande anonimato que sempre definiu a vida nas grandes metropoles modernas está cada vez mais por um fio, sendo substituído por essa versão digital de cidadezinha de interior. - se bem que a cena do personagem de Orwell recebendo papeizinhos por um buraco, e reescrevendo a história quantas e quantas vezes que nem se sabe mais o que é e o que foi de fato, me parece bem válida e muitas vezes completamente atual e verídica.
Bem fechando esse post paranóico, como tudo no relativo ao 11 de setembro, me pergunto o que aconteceria se amanhã de manhã eu acordasse com tanques nas ruas em face de um golpe militar? E respondo: tudo seria tão sadicamente fácil de se controlar....

Ai se a Stasi me lesse agora!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Você já napoleonou hoje?


Hoje acordei cedo

e puto

ordenei execuções em meu reino.

Não atirei a esmo como um suicida,

que sangra os pulsos mas não a cabeça;

Fiz sangrar o que a tempos me doía.

E botei grilhões em minhas virtudes,

para que se sintam mais santas;

E dei armas aos meus defeitos;

Para que se sintam mais humanos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Independência

"Brasil, meu Brasil brasileiro....vou cantar-te nos teus versos" Uma composição para marcar esse dia da independência.
"Eia! Gigante âncora adormecida! Ó filha tirana da América Latina"

sábado, 5 de setembro de 2009

Encruzilhada II

"Eu não tinha ....estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo....
...Eu não tinha este coração que nem se mostra...
...Eu não dei por esta mudaça...
Em que espelho ficou perdida minha face?"
(Cecília Meireles)

Encruzilhada

"...Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima não seria uma solução..." (Drummond)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

São São Paulo

Foto: Filipe Araújo

"...Vou cultivando meu ódio e meu amor nesse engenho..." (Letra do Dessamba)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Festivais

Me inscrevi nesses dias em alguns festivais de música pelo Brasil. Não sei o que esperar, mas não posso deixar de fazer uma referência nostálgica – Rá rá rá! eu que estava ainda longe de nascer - aos grandes festivais da canção transmitidos pela Rede Record no final dos anos 60. Escolhi essa canção por ter uma temática política, que também terá este post, e por ter ficado impressionado com a vitalidade desta interpretação - não é por menos que ganhou este concurso. Abaixo segue Jair Rodrigues interpretando “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, na final do II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, no Teatro Record Consolação (São Paulo).

Esses festivais sempre me impressionaram, tanto pela quantidade de talentos revelados, que marcariam o cenário musical brasileiro nas décadas seguintes, quanto pelo papel da mídia nisso tudo. Eram outros tempos, é claro, anteriores ao surgimento da massiva indústria fonográfica tupy, mas cogitar nos tempos atuais que uma emissora de televisão pudesse ter papel tão decisivo, para melhor, no cenário cultural nacional, é motivo de galhofa – e nas mentes dos marketeiros culturais de plantão até uma heresia!

Entendo claramente que o próprio formato desses festivais foi se desgastando com o tempo e com as suas reedições, mas não posso acreditar que tais iniciativas tenham sido deixadas de lado em substituição aos atuais “Fama”, “Ídolos”, e demais reality shows estúpidos e emburrecedores. Tentativas de reviver o espírito desses festivas fracassaram monumentalmente pela insistência, a começar pela escolha dos jurados – que diga-se de passagem foi um dos pontos primorosos dos antigos festivais - em se manter atrelado ao apelo pop, condenável quando para se universalizar o discurso, utiliza-se de artifícios simplórios, batidos e repetitivos. Não posso concordar com a ideia imediatista e equivocada, encravada na mente dos empresários musicais do mainstream, de que algo comercializável tenha que ter essas características. Estou cansado de ver essa máxima burra, porque acaba cavando sua própria cova (apesar de inicialmente trazer lucro), sendo repetida em todos os cantos da arte, seja na música, no teatro, na teledramaturgia, na dança, no cinema, etc. Se isso fosse correto, como explicar o sucesso desses antigos festivais? Como explicar o fato de músicas de compositores do início do século passado serem ainda inteligíveis, interessantes, divertidas, etc, para um público atual? Não afirmo isso do nada. Quantas e quantas vezes já não me deparei com crianças, aborrecentes-mtv e adultos de diversas classes sociais encantados e entretidos com canções de Noel Rosa que eu estava executando. Tudo bem, e faço essa ressalva, que há o efeito do exótico, do novo (para eles) e da presença de palco, mas, será mesmo que precisariam estes viver escutando a pornoxanxadas de quinta categoria, porque os departamentos de vendas julgam que só assim irão lucrar? Com a arte e o consumo musical pulverizados, se vai cada vez mais baixo na tentativa de ser universal (vender para todos), ou apela-se para o internacional, onde a maioria gosta na ignorância (não se sabe -o que no final não importa- o que se canta, apenas ritmo e melodia).

Será possível que não aprenderam nada com o Tropicalismo?!

Bem, mas são outros tempos. Tempos de internet! Onde se pode divulgar um trabalho com facilidade! Onde existe a possibilidade se dirigir a milhares diretamente! Só que tudo é por demais atomizado e as informações se perdem...

Ao menos, em meio a isso tudo, ainda existem festivais em diversas cidades brasileiras, com maior ou menor repercussão, para que esse impulso de incentivo a música e aos novos talentos não se acabe. Porque se depender da atual mídia de massas.................(prefiro não terminar essa sentença).

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Condição Humana

"A condição humana" - René Magritte
Precisei decorar para minha aula de teatro um poema do Alberto Caeiro (Fernando Pessoa). Ele é um poeta materialista que despreza o pensamento filosófico e metafísico ("pensar é estar doente dos olhos"). Escolhi este abaixo, o que me levou a pensar: Seria tangível o que ele propõe e o que o quadro do Magritte parece apontar (no quadro se vê parte do mundo exterior além do quadro)? Existe a coisa em si para além do olhar humano? Existe a apreensão do mundo sem representação? Acredito que não. O real é um pacto entre os olhares...


"Poemas Inconjuntos" (1913-1915)

Não basta abrir a janela

Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego

Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.

Há só cada um de nós, como uma cave.

Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,

Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.