Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Mário de Andrade

"Retrato de Mário de Andrade", Tarsila do Amaral
Em razão dos 65 anos anos sem Mário de Andrade, completados hoje, dia 25 de fevereiro de 2010, este poema de sua autoria.







POEMAS DA AMIGA


A tarde se deitava nos meus olhos
E a fuga da hora me entregava abril,
Um sabor familiar de até-logo criava
Um ar, e, não sei porque, te percebi.

Voltei-me em flor. Mas era apenas tua lembrança.
Estavas longe doce amiga e só vi no perfil da cidade
O arcanjo forte do arranha-céu cor de rosa,
Mexendo asas azuis dentro da tarde.

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus amigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Hand in Hand

Fiquei impressionado com esse vídeo de dança contemporânea. Achei maravilhoso, de uma sensibilidade tocante. Infelizmente acaba chamando a atenção da maioria apenas pelo fato de ser performado por uma bailarino sem uma das pernas, e por uma bailarina sem um dos braços ( o nome do vídeo na página da uol é "superação" e no link abaixo do youtube é "she without arm, he without leg"). É claro que isso chama a atenção, nunca tinha visto algo assim antes, mas a sensibilidade e inteligência do coreografista, ao narrar essa dançante história de amor e de cumplicidade,utilizando a muleta do dançarino de forma surpreendente é algo muito mais notável. Alias a deficiência dos dois é o que agrega valor a cumplicidade dessa linda história. A perfeição dos movimentos dos dançarinos é também um prazer a parte. Encantador. A coreografia é de Zhao Limin. Os dançarinos são Ma li e Zhai Xiaowei. Música de San Bao. Confiram:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Em complemento ao post anterior

Tony Barnstone, "Greed"

Máxima do dia

Quando cidadãos revoltados se expressam contra esquemas de corrupção, afirmando que nunca antes na história desse país - ou mesmo da humanidade - houve tanta roubalheira, das duas uma: ou é recém-nascido, ou pior, não estudou história.

Goya, "Two Old Woman Eating"

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A um amigo

A quem quero muito bem e espero paciência por parte de minhas loucuras, essa versão linda e toda certinha dessa clássico que é o "Samba pra Vinicius", do Toquinnho.



POETA, POETINHA VAGABUNDO!
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ !
FITTIPAS VELHO SARAVÁ!

De volta

De volta das férias e do carnaval volto a postar. E meu assunto é: o mesmo que o de meu amigo no blog dele.



Antes do carnaval, durante o período de chuvas, escrevi este texto abaixo, que está incompleto porque não achei bom. Mas agora vem bem ao caso diante das certezas que me iluminaram durante o carnaval na praia. Comento logo em seguida.

Era fim de tarde. A chuva, torrencial, começara, igual aos dias anteriores e aos seguintes. Poderia continuar ao computador? Sem ele o que fazer? Assistir TV...mas também precisa de energia. Ouvir música, notícias...arre! Também não! Saco! Até que diante dos meus olhos a tela, imperativa, se apagou e o som de transformadores estourando se ouvia ao longe. Uma árvore acabara de cair na rede elétrica. Após o susto do apagão possui-me um sentimento de desespero sem causa, angústia infundada: a luz tardaria a voltar. O que mais me impressionou, foi que ao cair da noite, sob luz de velas, tudo havia se transformado. A família antes separada, em cada cômodo em seus computadores ou televisores, agora estava reunida, distraindo-se com o violão que eu tocava e entretendo-se com um bom carteado, em meio a conversas. Fui para a varanda fumar um cigarro e me senti na praia. Não exatamente pela vista ou brisa que batia, mas devido a paz e tranquilidade com que eu podia deliciar-me com minha fumaça – não vou muito pro interior por isso a praia. Olhava o mundo ao redor e percebia que todos estavam correndo, eletrizados eles próprios pela corrente elétrica que abastece seus objetos. Já mais a noite, passada a chuva, o céu estava limpo, a minha quadra inteira estava sem luz, e pude então perceber algumas estrelas no céu, muitas mais do que de costume – até porque não olho para o céu em São Paulo quando estou plugado na rede elétrica de coisas. Isso voltou a repetir-se nos dois dias seguintes.

Essa mesma certeza, que se apresentou pra mim nesses dias, foi novamente confirmada agora que passei o feriado na praia. Todo o desenvolvimento deste nosso admirável mundo moderno é diametralmente oposto a tudo que diz respeito a natureza, a nossa natureza, a natureza humana, que quando ignorada leva a isso que temos hoje: a loucura, aos crescentes problemas psíquicos, a depressão, a total e completa impossibilidade de uma vida tranquila, serena, vivida, gozada e feliz. Não sou muito metido a neo-hyppie, gosto e tento ver com bons olhos as tecnologias (vide que estou escrevendo isso na internet) mas no atual estágio e nas perspectivas futuras pra onde caminha o mundo globalizado, estamos tão distantes, e cada vez mais, das únicas coisas que podem realmente trazermos uma vida boa. Pois é, que desperdício de vida...

O diretor japonês Akira Kurosawa tem um filme chamado "Sonhos", em que são mostrados diversos contos. O último é esse acima. Sem dúvida compartilho dessa utopia, dessa visão sonhadora de vida perfeita.


"Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz" (Gonzaguinha)