Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De volta

De volta das férias e do carnaval volto a postar. E meu assunto é: o mesmo que o de meu amigo no blog dele.



Antes do carnaval, durante o período de chuvas, escrevi este texto abaixo, que está incompleto porque não achei bom. Mas agora vem bem ao caso diante das certezas que me iluminaram durante o carnaval na praia. Comento logo em seguida.

Era fim de tarde. A chuva, torrencial, começara, igual aos dias anteriores e aos seguintes. Poderia continuar ao computador? Sem ele o que fazer? Assistir TV...mas também precisa de energia. Ouvir música, notícias...arre! Também não! Saco! Até que diante dos meus olhos a tela, imperativa, se apagou e o som de transformadores estourando se ouvia ao longe. Uma árvore acabara de cair na rede elétrica. Após o susto do apagão possui-me um sentimento de desespero sem causa, angústia infundada: a luz tardaria a voltar. O que mais me impressionou, foi que ao cair da noite, sob luz de velas, tudo havia se transformado. A família antes separada, em cada cômodo em seus computadores ou televisores, agora estava reunida, distraindo-se com o violão que eu tocava e entretendo-se com um bom carteado, em meio a conversas. Fui para a varanda fumar um cigarro e me senti na praia. Não exatamente pela vista ou brisa que batia, mas devido a paz e tranquilidade com que eu podia deliciar-me com minha fumaça – não vou muito pro interior por isso a praia. Olhava o mundo ao redor e percebia que todos estavam correndo, eletrizados eles próprios pela corrente elétrica que abastece seus objetos. Já mais a noite, passada a chuva, o céu estava limpo, a minha quadra inteira estava sem luz, e pude então perceber algumas estrelas no céu, muitas mais do que de costume – até porque não olho para o céu em São Paulo quando estou plugado na rede elétrica de coisas. Isso voltou a repetir-se nos dois dias seguintes.

Essa mesma certeza, que se apresentou pra mim nesses dias, foi novamente confirmada agora que passei o feriado na praia. Todo o desenvolvimento deste nosso admirável mundo moderno é diametralmente oposto a tudo que diz respeito a natureza, a nossa natureza, a natureza humana, que quando ignorada leva a isso que temos hoje: a loucura, aos crescentes problemas psíquicos, a depressão, a total e completa impossibilidade de uma vida tranquila, serena, vivida, gozada e feliz. Não sou muito metido a neo-hyppie, gosto e tento ver com bons olhos as tecnologias (vide que estou escrevendo isso na internet) mas no atual estágio e nas perspectivas futuras pra onde caminha o mundo globalizado, estamos tão distantes, e cada vez mais, das únicas coisas que podem realmente trazermos uma vida boa. Pois é, que desperdício de vida...

O diretor japonês Akira Kurosawa tem um filme chamado "Sonhos", em que são mostrados diversos contos. O último é esse acima. Sem dúvida compartilho dessa utopia, dessa visão sonhadora de vida perfeita.


"Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz" (Gonzaguinha)

Nenhum comentário:

Postar um comentário