Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Remake

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Iria escrever hoje sobre o decreto do presidente em relação ao plano de direitos humanos a ser votado pelo congresso. Mas - infelizmente - percebi porque ninguém dá muita bola para política, mesmo que isso interfira diretamente em nossas vidas : é muito chato!

O caso é : vou escrever sobre cinema.

Li hoje no jornal uma crítica em relação ao lançamento do novo filme de Werner Herzog "Vício Frenético". A argumentação que se segue responde a pergunta, de forma negativa: "Porque refilmar?".

Não entendo esse estigma que as releituras carregam no cinema. Não vejo mal algum em pegar um roteiro velho e o refilmar a partir do meu ponto de vista. Como músico/ator estou mais do que acostumado com isso nessas artes, alias é uma das formas pela qual a arte se renova. Novas versão de canções antigas, de textos antigos - ainda se encenam tragédias! - sempre vem a tona e com maior ou menor êxito sempre são louvadas. Entretanto, essa lógica não se aplica ao cinema. Concordo, infelizmente, que a grande e avassaladora maioria das novas versões de filmes são inferiores aos originais - excluindo a priori dessa estimativa os ridículos remakes vendáveis de Hollywood. Mas daí chegar ao ponto de denegrir a ideia de se refilmar antigos roteiros é um exagero. Cito como uma refilmagem bem sucedida aqui a nova versão de "A fantástica Fábrica de Chocolate". Não gostei muito do filme, mas ele consegue trazer novas ideias e revelar novos lados do dono da fábrica, além de estabelecer uma comunicação , a meu ver , mais eficiente com as crianças de hoje em dia, do que as antigas músicas conseguiriam.

De qualquer forma a impressão que tenho é que sendo o cinema uma arte nova, da modernidade, acaba incorporando seu ponto crucial, a veneração do Novo, a grande e fetichizada Novidade, ou nas palavras de Álvaro de Campos "tudo...com que hoje se é diferente de ontem". Ainda nesse ponto, acho que o grande erro, que contribui decisivamente para esse tabu no cinema, é o impulso de refilmar filmes apenas para atualizar sua técnica, o refilmando tendo em vista somente melhorara da qualidade das imagens, dos sons, dos efeitos especiais, sem trazer uma nova possibilidade de interpretação e/ou linguagem para o tema tratado. Ou ainda, apenas do ponto de vista comercial, para se explorar uma marca já conhecida e desejada.

Não assisti e nem sei se pretendo assistir a esse novo longa de Herzog, que é uma versão do homônimo filme do diretor Abel Ferrara, de 1992, mas isso não vem ao caso.

Não fosse o cinema uma arte tão técnica (tudo depende de equipamentos), e consequentemente, tão cara, gostaria eu de refilmar grandes clássicos do cinema para provar essa minha teoria de que é sim possível, e até desejável, que se monte - ops, termo teatral - que se filme antigos bons roteiros, visando explorar novas possibilidades de interpretação do mesmo.


"Refazendo tudo, refazenda, ..." Gilberto Gil

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