Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A respeito do horror

Portão principal de Auschwitz I - na placa lê-se: "O trabalho liberta"
"Há terror e pânico em nossa cidade...
A causa de tudo isso são os trens lotados de judeus que passam por nossa cidade rumo a Belzec. Os judeus são amontoados em vagões de gado fechados, de cem a cento e cinquenta em cada vagão. Belzec fica localizada numa área florestal, e é lá que todos são mortos. Como são assassinados, isso não sabemos. Há rumores de que são envenenados com gás, outros dizem que são eletrocutados, queimados ou baleados. Uma coisa é certa, de lá não há volta."
Clara Schwarz, 15 anos, Polônia, Verão de 1942


Escrevo este post nauseado pela rápida pesquisa que realizei devido aos 65 anos da libertação dos campos de concentração nazistas de Auschwitz-Birkenau, pelas tropas soviéticas , no dia 27 de Janeiro de 1945.
Me é viceralmente perturbador ler os relatos de sobreviventes e me expor as fotos documentais da época. Meu sangue ferve em dor e se apimenta de desejos de vingança, carnal, a fim de levar a cabo uma outra guerra contra pessoas a tempos mortas ou já bastante envelhecidas. Investigando minha alma posso compreender claramente, em mim, o impulso que leva tantos jovens a guerra, e que provavelmente seria similar a outros tantos jovens que estariam do outro lado deste conflito que eu poderia ingressar.
O pior é: me considero pacifista, mas percebi que não sou. Dou graças a deus, sem crer em tal mentira, que muitos deram suas vidas para derrotar a Alemanha Nazista, e que puderam ajudar , enfim, os que resistiram aos horrores da Shoah -melhor dizer Holocausto, não foram só Judeus que morreram, apesar de serem o grupo amplamente maioritário.
Neste dia em que se relembra este feito, ofereço meus pensamentos as incontáveis (não é pleonasmo) vitimas cruelmente assassinadas; aos corajosos combatentes que morreram ajudando a extirpar esse mal - soou bem nazista isso, não? pois esse é o tamanho do meu ódio- e aos outros tantos veteranos e sobreviventes que carregam/carregaram no corpo e na mente as marcas desses tempos abomináveis.

"Queria gritar ao tempo que se demorasse, e não corresse. Queria recapturar o meu ano passado e guardá-lo para mais tarde, para a nova vida. Meu segundo sentimento hoje é o de força e esperança. Não sinto o menor desespero. Hoje fiz quinze anos de idade e vivo confiante no futuro, não me preocupo com ele, em vez disso tudo o que vejo diante de mim é o sol, o sol, o sol, o sol.

Yitskhok Rudashevski, Lituânia, 10 de Dezembro de 1942 (morreu por mãos nazistas por volta de outubro de 1943)

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