Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Grafite


Segundo divulgado pela Folha de SP, no domingo de manhã (13/09) cerca de 150 pessoas realizaram um ato artístico na 23 de maio. O grupo pintou os muros, ao longo de 1 km, em protesto a política da prefeitura de pintar de cinza grafites e pichações não autorizadas.
Me chamou atenção a forma como foi noticiado este fato. Seguindo com sua linha editorial, já revelada em outros casos semelhantes, o jornal destacou a manchete: "150 PICHADORES ATACAM A AV. 23 DE MAIO EM PROTESTO". A matéria em tom policialesco, ainda trazia a opinião de um especialista que considera errada, mas válida, a ação porque a questão dos grafites precisa ser disciplinada, e a opinião de um outro grafiteiro considerado veterano que criticava a ação pois "há uma grande poluição com trabalhos mal feitos por aí".
Como revelado na foto acima, publicada na edição de hoje do jornal, um dia depois os muros já haviam sido pintados de novo, ou como rubricado na foto pela Folha, já haviam sido limpos.
Não entendo como podem preferir esse cinza a desenhos coloridos, e chega a ser risível considerar muros de concreto sujos e sem vida como limpos. Posso até concordar com a opinião de que há muitos trabalhos mal feitos por aí, nem todo grafite é uma obra prima, mas definitivamente entre muros de concreto e muros desenhados eu fico com a segunda opção.
A meu ver, no que diz respeito as artes plásticas, andar pelas ruas de São Paulo e observar seus grafites - que vá lá, é privilegiada na questão dos grafites - é uma experiência muito mais enriquecedora do que andar pelos vazios das Bienais de arte. O grafite mesmo com seu caráter efêmero, intrínseco a essa arte, é mais do que isso, é a forma com que a periferia (onde se concentra a maioria dos grafiteros) tem de gritar que ela existe, que tem sonhos, desejos, e está viva e atenta ao seu viver nessa cidade opressora. E digo mais, para mim todos os muros da cidade deveriam ser coloridos com desenhos e todos os prédios públicos deveriam contratar renomados grafiteiros para grafiterem seu exterior - fugindo um pouco da questão me vem a mente a figura da belíssima catedral de São Basílio na Rússia (hehehe mais isso é apenas um sonho da wonderland desse artista que vos fala).
Enfim, é triste ver que boa parte da sociedade, com sua visão civilizadora e regulatória, prefira viver nessa cidade cinza e sem vida, a viver em uma cidade colorida e alegre.
"Cores são exceções em desuso, no que veio pra criar e, contudo,
vem enegrecer, mas há beleza ainda eu sei..."
(Letra de Viver(Paz) de minha autoria)

Um comentário:

  1. Apagaram tudo
    Pintaram tudo de cinza
    A palavra no muro
    Ficou coberta de tinta

    Apagaram tudo
    Pintaram tudo de cinza
    Só ficou no muro
    Tristeza e tinta fresca

    (Gentileza - Marisa Monte)

    ResponderExcluir