Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Paranóia

Anúncio da Pakistan Air Lines (1979)
Pois bem chegamos de novo ao fatídico dia 11 de setembro, e o mais engraçado é que eu só me dei conta da carga desse dia lendo os jornais. Para mim, passados já todos esses anos, “11 de setembro” se tornou uma ideia, um conceito, descolado do dia em si. Vejo nele um marco de quando os países ocidentais industrializados passaram a caminhar a passos largos rumo a sociedade de “1984”, de Orwell. E é sobre isso que quero falar nesse post: sobre meu medo do que virá a seguir nesse século que se inicia.
Quando paro e penso sozinho em planos malignos de dominação global – é o que eu faço todas as noites Pink! - tenho sempre a sensação de que os ditadores do passado teriam muita inveja dos aparatos de controle e repressão que possuímos hoje. Ingênuamente no mundo todo está se construindo um aparato digno de um Estado repressor. Todos nossos passos podem ser rastreados. Vejamos minha vida em São Paulo. Meu passe de transporte coletivo, o bilhete único, é cadastrado em meu nome, e portanto passível de ser rastreado, de saber por onde e quando andei. Os carros em pouco tempo, pois já foi aprovada uma lei que impõe isso, passarão a ter chips de identificação sendo monitorados por pontos da cidade. Meu telefone celular, que sempre carrego comigo, pode ser facilmente rastreado pelas torres de sinal de minha operadora. O resultado é o mesmo, o Estado, bastando querer, pode saber quando e onde eu vou no meu dia a dia. Para quase tudo hoje em dia se tem que se fazer um cadastro completo, deixando registrado que você passou por lá, informação essa facilmente rastreável. Há câmeras de segurança por todos os lados, privadas ou da prefeitura, e numa caminhada até a padaria perto de minha casa minha presença ficou registrada em sei lá quantos vídeos , que pelo menos não se armazenam por muito tempo. Por sorte, por aqui , ainda , não chegamos a situação de Nova York e Londres, onde nesse ponto, o grande olhar do “Big Brother” que é multifacetado está amplamente difundido por todos os cantos.
Temos a Internet, lar de expressão livre e do anonimato. Mas somente por que se quer assim, porque na verdade é exatamente o oposto. Navegar sem deixar rastros é tarefa para poucos que conhecem as entranhas da computação e requer muita perícia. Todos temos um endereço fixo virtual. As informações por onde andamos virtualmente ficam armazenadas em nosso provedor de internet. O próprio Google mantém durante anos um gigantesco banco de dados que revelam as preferências, interesses e gostos pessoais. E nesse ponto o caso da China e sua enorme muralha virtual se impõe como exemplo. Ainda nesse ponto virtual o tal “banco de sangue encardenado” citado por Tom Zé em “Parque Industrial” está aí para qualquer um. Todas esses sites de relacionamento pessoal (Orkut, Facebook, Twiter,...) disponibilizam informações pessoais para quem quiser e ver, e o que é mais importante do ponto de vista de um agente da Gestapo, com quem temos contato, quem conhecemos, com quem falamos (vitualmente) mais. Penso o quanto não se alegraria um agente do Doi-codi folheando as páginas do orkut, tudo tão fácil e disponível.
Em todas as áreas cada vez mais e mais, cientistas e pesquisadores se esforçam em criar artifícios para conectar e interligar as pessoas, tecnologias novas que são rapidamente incorporadas a vida cotidiana. O que me leva ao filho direto, digamos um upgrade mais atual de “1984” que é a “Matrix”. O grande anonimato que sempre definiu a vida nas grandes metropoles modernas está cada vez mais por um fio, sendo substituído por essa versão digital de cidadezinha de interior. - se bem que a cena do personagem de Orwell recebendo papeizinhos por um buraco, e reescrevendo a história quantas e quantas vezes que nem se sabe mais o que é e o que foi de fato, me parece bem válida e muitas vezes completamente atual e verídica.
Bem fechando esse post paranóico, como tudo no relativo ao 11 de setembro, me pergunto o que aconteceria se amanhã de manhã eu acordasse com tanques nas ruas em face de um golpe militar? E respondo: tudo seria tão sadicamente fácil de se controlar....

Ai se a Stasi me lesse agora!

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