Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Condição Humana

"A condição humana" - René Magritte
Precisei decorar para minha aula de teatro um poema do Alberto Caeiro (Fernando Pessoa). Ele é um poeta materialista que despreza o pensamento filosófico e metafísico ("pensar é estar doente dos olhos"). Escolhi este abaixo, o que me levou a pensar: Seria tangível o que ele propõe e o que o quadro do Magritte parece apontar (no quadro se vê parte do mundo exterior além do quadro)? Existe a coisa em si para além do olhar humano? Existe a apreensão do mundo sem representação? Acredito que não. O real é um pacto entre os olhares...


"Poemas Inconjuntos" (1913-1915)

Não basta abrir a janela

Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego

Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.

Há só cada um de nós, como uma cave.

Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,

Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Um comentário:

  1. O mundo só existe para o sujeito - que conhece sem nunca ser conhecido. Mesmo nossos pensamentos, na medida em que são percebidos por nós, são objetos - ainda que objetos parciais. O sujeito é o sustentáculo do mundo perceptível, do mundo como representação. Mas há também uma outra verdade sombria, complementar: o mundo é vontade. A vontade silenciosa que se produz no interior das coisas, que aglutina as moléculas, que é cega, fria, doida.

    A coisa-em-si é uma fantasmagoria da filosofia que finalmente, séculos depois, começamos a superar.

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