Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Festivais

Me inscrevi nesses dias em alguns festivais de música pelo Brasil. Não sei o que esperar, mas não posso deixar de fazer uma referência nostálgica – Rá rá rá! eu que estava ainda longe de nascer - aos grandes festivais da canção transmitidos pela Rede Record no final dos anos 60. Escolhi essa canção por ter uma temática política, que também terá este post, e por ter ficado impressionado com a vitalidade desta interpretação - não é por menos que ganhou este concurso. Abaixo segue Jair Rodrigues interpretando “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, na final do II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, no Teatro Record Consolação (São Paulo).

Esses festivais sempre me impressionaram, tanto pela quantidade de talentos revelados, que marcariam o cenário musical brasileiro nas décadas seguintes, quanto pelo papel da mídia nisso tudo. Eram outros tempos, é claro, anteriores ao surgimento da massiva indústria fonográfica tupy, mas cogitar nos tempos atuais que uma emissora de televisão pudesse ter papel tão decisivo, para melhor, no cenário cultural nacional, é motivo de galhofa – e nas mentes dos marketeiros culturais de plantão até uma heresia!

Entendo claramente que o próprio formato desses festivais foi se desgastando com o tempo e com as suas reedições, mas não posso acreditar que tais iniciativas tenham sido deixadas de lado em substituição aos atuais “Fama”, “Ídolos”, e demais reality shows estúpidos e emburrecedores. Tentativas de reviver o espírito desses festivas fracassaram monumentalmente pela insistência, a começar pela escolha dos jurados – que diga-se de passagem foi um dos pontos primorosos dos antigos festivais - em se manter atrelado ao apelo pop, condenável quando para se universalizar o discurso, utiliza-se de artifícios simplórios, batidos e repetitivos. Não posso concordar com a ideia imediatista e equivocada, encravada na mente dos empresários musicais do mainstream, de que algo comercializável tenha que ter essas características. Estou cansado de ver essa máxima burra, porque acaba cavando sua própria cova (apesar de inicialmente trazer lucro), sendo repetida em todos os cantos da arte, seja na música, no teatro, na teledramaturgia, na dança, no cinema, etc. Se isso fosse correto, como explicar o sucesso desses antigos festivais? Como explicar o fato de músicas de compositores do início do século passado serem ainda inteligíveis, interessantes, divertidas, etc, para um público atual? Não afirmo isso do nada. Quantas e quantas vezes já não me deparei com crianças, aborrecentes-mtv e adultos de diversas classes sociais encantados e entretidos com canções de Noel Rosa que eu estava executando. Tudo bem, e faço essa ressalva, que há o efeito do exótico, do novo (para eles) e da presença de palco, mas, será mesmo que precisariam estes viver escutando a pornoxanxadas de quinta categoria, porque os departamentos de vendas julgam que só assim irão lucrar? Com a arte e o consumo musical pulverizados, se vai cada vez mais baixo na tentativa de ser universal (vender para todos), ou apela-se para o internacional, onde a maioria gosta na ignorância (não se sabe -o que no final não importa- o que se canta, apenas ritmo e melodia).

Será possível que não aprenderam nada com o Tropicalismo?!

Bem, mas são outros tempos. Tempos de internet! Onde se pode divulgar um trabalho com facilidade! Onde existe a possibilidade se dirigir a milhares diretamente! Só que tudo é por demais atomizado e as informações se perdem...

Ao menos, em meio a isso tudo, ainda existem festivais em diversas cidades brasileiras, com maior ou menor repercussão, para que esse impulso de incentivo a música e aos novos talentos não se acabe. Porque se depender da atual mídia de massas.................(prefiro não terminar essa sentença).

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