Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

domingo, 30 de agosto de 2009

2º motivo da rosa

"A lua" - Tarsila do Amaral

Estava aqui pensando sobre algumas alfinetadas que recebi e folheando um livro de poesias me deparei com esta de Cecília Meireles, dedicada ao Mário de Andrade. Céus! Me parece que cada facada que ouvi, e outras não ditas, é uma palavra dessa poesia...

Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar se assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas...
Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa
que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas...
* * * * *

"Eu não devia te dizer mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo" (Poema das sete faces)

Um comentário:

  1. Colar o ouvido no vão das conchas nos faz ouvir o vão dos mares. Esculpir calcário leva uma vida. É bom sentir o mar e o vento atlântico. Eles erodem qualquer superfície fechada, vazam-na para então derramar em seu ventre o suco da imensidão de cobalto e turmalina. E assim nascem as noites em que a gente reconhece o canto de Janaína. Janaína mora no avesso das coisas.

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