Prof.ª Maria Luiza Redentora:

"...Mesmo que para isso tenha que dar minha cara a tapa, e lançar-me na guerra sem armadura,
vou peitar isso tudo mesmo que fique aqui só e insegura..."

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Lei antifumo


A quase um mês entrou em vigor esta lei que baniu de bares e restaurantes, entre outros locais públicos total ou parcialmente fechados, qualquer derivado do tabaco.
E agora que todos já estão se acostumando com essa abusiva ideia desmascaram-se os argumentos oportunistas.
Antes de ser aprovada donos de bares, restaurantes e afins clamavam a pleno vapor a falência imediata de quase todo o setor que se seguiria a lei. Ora, é óbvio que isto não aconteceria, a maioria da população é de não-fumantes, mesmo sendo os fumantes um público-alvo que não pode ser desconsiderado em seu poder de compra. Entretanto, já não se pode dizer o mesmo de donos de tabacarias que devem estar passando por mal bucados.
Quanto ao cristão sentimento de salvar a saúde dos indefesos garçons não-fumantes percebe-se o oportunismo desse argumento ao, de forma diametralmente oposta, desconsiderar então a saúde dos carcereiros não-fumantes, já que única exceção da lei vale para os presídios.
O que me leva para o próximo ponto: a quem de fato quer agradar? A lei veio para salvaguardar a saúde de todos os cidadãos, excluindo-se portanto os presos não-fumantes e diga-se de passagem, a maioria da extrema periferia da capital, onde o único braço de serviços do estado presente é polícia, quando muito, e onde não se pode esperar haver fiscalização anti-fumo.

Há ainda por de trás de todos os argumentos favoráveis a lei uma espécie de revanchismo. Os fumantes há décadas , apesar que cada vez menos, monopolizavam os espaços públicos fechados com suas tragadas, e os incomodados se afastassem. Assim, inverte-se a equação, para gozo geral dos anti-tabagistas de plantão,que gritam vitoriosos em uníssono: "Vocês vão ter que nos engolir!".
O que mais me assusta nessa ideia é que o ódio armazenado é tão grande que não se importam em apoiar e defender uma proposta por demais autoritária. "Autoritária não! Democrática! É para o bem da maioria!" retrucarão outros, mesmo que a democracia seja um sistema que para além de garantir o interesse da maioria, sirva para impedir que esta massacra suas minorias (lembrem o nazismo: Hitler foi eleito). Veja: uma coisa é restringir severamente o fumo em locais públicos fechados, outra completamente diferente é resolver o problema banindo de todo e qualquer lugar toda uma parcela significativa da população que faz uso legal de determinada substância. O ponto aqui é simples: deveria haver a possibilidade de locais destinados exclusivamente ao público fumante, que seriam sem sombra de dúvida uma espécie de nicho de mercado. Do que tem medo? Que ao permitir um direito democrático como esse a maioria dos bares e casas noturnas se rotulariam como destinadas ao fumo? O que teriam a ganhar se a maioria da população é de não fumantes. De outra forma continuaria tudo no mesmo? Ora, o estado possui outros meios, que não seja a repressão, para garantir seus interesses. Todos esses locais são empresas privadas que visam o lucro, agem de acordo com a lógica do capital, e portanto caberia ao estado impor uma sobretaxa dissuasória aos mesmos, ou oferecer incentivos fiscais, na forma de abatimento de taxas, aos estabelecimentos que espontâneamente proibissem o fumo. Mas , obviamente, aparecer para a população como um fidalgo cavaleiro que luta por sua saúde gera mais votos do que o sensato administrador que garante o direito de todos.
Por fim, desabafo: Estou de saco cheio. Sou fumante, apesar de pretender parar, e sim, sinto falta de poder ir a um bar com amigos para escutar uma música ao vivo, bebendo algo alcoólico e fumando um cigarro. Prazer este que me é negado por lei. Se isto não é um dos passos em direção para a matrix, o estado orwelliano, me digam, o que é?

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"... vou formigando e fumando - que se danem os preceitos! -
alucinando e pensando: Ser livre para ser preso? ..."
Letra do Dessamba (de minha autoria)

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